Ela era uma garota diferente. Dois ou três furos na orelha, possivelmente com uma tatuagem que poucos tem conhecimento, um temperamento às vezes ácido mas extremamente sincero. Admiradora de Nietzsche, garota de poucos e preciosos amigos, que a acompanhavam para beber uma cerveja em algum pub daquela cidade grande sempre que dava vontade. Raciocínio rápido e coração remendado armado contra as infidelidades e golpes. Cabelos escuros e pele clara, com um rosto bem definido e marcante, cujos olhares misteriosos e sorriso discreto captavam atenção. Aquela garota de que muitos falam mas poucos conhecem.
Ele, ao contrário, talvez não recebesse tanta atenção. Passava discreto pelos corredores da faculdade, sempre carregando algum livro ou escutando seu rock no velho fone de ouvido preto. Um poço de cultura, preferia Sócrates, vinhos e cafés. Um cara de poucas palavras, mas sempre as corretas. Pele branca e cabelos castanhos claros habitualmente bagunçados. Seus olhos escondidos pelos óculos mascaravam quem ele de fato era mas seu sorriso largo sempre lhe entregava.
Se encontraram numa noite onde a lua iluminava o céu com maestria. Sentado num banco no parque, ele lia e revisava o novo texto que havia escrito, com seu moletom preto de capuz, jeans propositalmente desbotados e seu velho Vans Old Skool. Encolhido pela leve brisa da noite, ele parecia mais magro do que realmente era. Ela esperava a ligação de um dos amigos e para não se cansar da demora, sentou-se no mesmo banco. Jaqueta de couro preta, uma camisa branca com uma caveira estampada, jeans preto e um All Star encardido. Os opostos simplesmente se atrairam e ele normalmente tão tímido, foi quem resolveu iniciar a conversa, onde ela incrivelmente não ofereceu resistência. O diálogo tímido e restrito pela falta de conhecimento um do outro deu logo lugar a uma conversa agradável. Marina e Lucas, pisciana e virginiano. 20 e 21 anos. Pantera e Queen. Solteira por escolha, solteiro por não ter achado a garota certa para seus ideiais. Trocaram sorrisos e olhares até trocarem telefones no fim da noite. Convidado a acompanhá-la no bar, Lucas gentilmente recusou já que necessitava de recuperar horas de sono perdidas pelas provas passadas, mas marcaram de se encontrar novamente. Marina antes de virar a esquina, ainda olhou pra trás e lhe lançou um sorriso discreto. Naquela noite, Lucas dormiu tranquilo e Marina dormiu feliz.
A Lua, cúmplice daquele encontro, tornou-se cúmplice de todos os que se seguiram. Lucas e Marina se encontravam sempre e a vontade de ficarem juntos ia aumentando como se fosse eterna. E será eterna em cada um dos dois corações. Marina se desarmou, aprendeu a ser mais paciente e Lucas percebeu que seu coração poderia ser bem cuidado por aquela garota tão diferente e atraente. Dois mundos e duas personalidades distintas se juntando simplesmente pela vontade de estarem presentes um na vida do outro. Trocaram abraços, beijos e nenhuma promessa, apenas aquele olhar recíproco de quem não sabe o futuro, mas está disposto a tentar. E enquanto a Lua for aliada e brilhar no céu, até mesmo distantes, Lucas e Marina estarão juntos pela força do sentimento que os une e pelo brilho do olhar tal qual do luar.
Beijos aos leitores ;)