“Quero acordar do seu
lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama. E,
depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você. Quero ouvir você me
contar sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço, e
nem vou conhecer, como se fossem meus velhos amigos. Quero ver você me olhar
entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de
voltar a folhar o caderno de cultura.
Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do
carro, no caminho do seu apartamento. Quero deitar no sofá e ver você cuidar
das plantas, escolher a playlist no ipod e dobrar, daquele seu jeito metódico e
perfeccionista, as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem
menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça, me beije e me
abrace como nunca fez antes com outra pessoa. E que pergunte se eu quero ver um
DVD mais tarde. Quero tomar uma taça de vinho no fim do dia e deitar do seu
lado na rede, olhando a lua e ouvindo você me contar histórias do passado.Quero
escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que
eu provavelmente não estarei lá. Quero que você ignore a improbabilidade da
nossa jornada e fale da casa que teremos no campo. Quero que você a descreva em
detalhes, que fale do jardim que construiremos, e dos cachorros que
compraremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me
beija o rosto.
Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência,
e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem.
E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos
sonhos que compartilhamos enquanto olhávamos a lua. Que você acredite que não me
deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem
mágoa, nem arrependimento.Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos.
De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos.
Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai
da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco
mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa
história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história
de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a
mais bela história de amor da sua vida. Que você nunca mais deixe de pensar em
mim quando for a Londres, escutar Dream’ Bout Me ou ler Nick Hornby. E, por
fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não
estiver mais olhando.”
O que eu quero de você –
Milly Lacombe
Beijos aos leitores ;)