sexta-feira, 6 de abril de 2012

As flores que nunca nos demos

Sexta feira nublada e chuvosa. De feriado pra aumentar. Olho o relógio e não passa das seis. Me surpreendo pois achava que já seria muito mais tarde. Acho que é o efeito dessa preguiça que aparentemente tomou conta de todos, menos de mim. Minha mente ativa me faz passar de análises de contratos a contos de Caio Fernando de Abreu para confecção de capas de cadernos.

A casa silenciosa e o barulho de um ou outro carro raramente passando pela rua molhada permite que meus pensamentos voem. Voaram para um lugar que eu já conheço: as intermináveis lembranças, as tão conhecidas memórias. De um ano atrás. De como as coisas eram e como tudo se transformou com o tempo. Saudade? Muita talvez. Até mesmo das feridas. Não permito deixar que isso me abale profundamente mas ainda penso. Me pergunto se estes tipos de pensamentos estão sendo repetidos em algum lugar por aí. Talvez sim, talvez não. No turbilhão não dá pra saber.

Pensei nas chances que não tive e também nas que perdi. Lembrei que comprei flores uma vez mas elas morreram antes que eu pudesse encontrar e entregar, me lembrei que fiz dobradura de um coração mas não entreguei. Mas me lembrei também das chances e oportunidades que tive e usufrui. Lembrei do tigre, das heinekens, do frio na barriga, do jeito diferente de amar, lembrei das músicas, das moedas chinesas e canadenses. Lembrei dos sorrisos, abraços, beijos. Lembrei de como tudo foi bom. Sorri por dentro e por fora.

Pensei no meu agora. Na falta que esses momentos me fazem. Pensei no meu futuro, o antes 'nosso' que agora e por enquanto é só meu. Um futuro que eu pretendo ser produtivo, acompanhada ou não. Levo no coração somente o que me faz bem e me acostumei a seguir em frente. Mas ainda lembro. Eu sempre lembro. Talvez sempre lembrarei. As conexões mesmo distantes e mesmo não tão constantes, de alguma forma inexplicável, me aparentam ainda existir. Diferentes, mas ainda existentes. Verdade? Ilusão minha? Pode ser, mas no meio de tantas coisas que todo dia tentam nos enfiar goela abaixo de modo artificial, resolvi que nessa fria tarde, nublada, chuvosa e silenciosa ainda prefiro acreditar em como tudo o que vivi foi natural, sendo um sonho ou sendo uma potencial realidade...

Beijos aos leitores ;)